quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

De quartas-feiras, confetes e serpentinas

Chega de saudade by João Gilberto on Grooveshark


O carnaval passou e nem sei se eu nem vi, fruto desse mundo louco que a gente anda. Nem sei se veria mesmo, e se visse, colocaria a mesma velha calça jeans com uma camiseta preta desbotada e escutaria algo totalmente alheio, até pra implicar com toda aquela alegria que um dia chegou a contagiar mas hoje de longe se aproxima da minha empatia.

Sou daquele tipo de carnavalesco que não se esquece que a vida vai além de sábado à terça-feira de um fevereiro qualquer achando que tudo que se faz nesses quatro dias pode ser imune de todo julgamento. Não é, nem nunca foi, ao menos pra mim.

Vai ver é porque de tanto atuar como Pierrot que minha alma cansou um pouco disso tudo. Vai ver é porque tenho vivido várias e várias quartas-feiras cinzentas ao longo do ano que já não me deixo permitir uma alegria ilusória. Vai ver é porque busco pequenas porções de sorrisos em prazos longos ao invés de risos intensos com hora marcada para terminar e depois serem substituídos por uma dor de cabeça de um dia inteiro.

Guardei meu confete, por mais um ano, deixei minha fantasia atirada em um canto do roupeiro mais uma vez. Ao invés dela, visto a saudade apontada por Vinícius e o cotovelo machucado de Lupicínio, em busca de um sambinha lento e confortante, que me deixe quieto numa mesa de bar ao invés de correr pela avenida em busca do êxtase do bloco.

E assim se faz a minha escola de um único coração. Eu me torno esse mestre-sala bambo e só. Deixo a alegria pro Arlequim, pois em mim ela cairia como um sapato mal ajustado, uma calça mal passada e uma camisa de cores que não se conectam com as do rosto. E meu enredo do carnaval é assim como essas linhas tortas: cambaleante, sem início, meio ou fim. Tenho apenas, Colombina, aquele velho e choroso samba (que eu não sambo mais em vão).

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