quinta-feira, 22 de março de 2012

Quando a saudade vem, olho pro mar (...)

Dois Barcos by Los Hermanos on Grooveshark


Quando a saudade vem, olho pro mar. Assim, eu e ele já nos tornamos tão íntimos. Mas o quê fazer? Sou mesmo, por essência, a parede de um rochedo formado de sentimentos, e assim sendo sinto forte o bater das ondas de tristeza e alegria, e elas batem, chocam, espalham, carregam, e batem, chocam, espalham, carregam, e batem...

Mas isso se trata do tanto de nada que se estabeleceu no tão vazio e obsoleto espaço de tempo em que tu insistiu em se mudar da morada que aos poucos construíamos em nosso peito, e que agora nada mais é que um lugar em ruínas, à espera de alguma reconstrução, mas olhado com o descaso implacável dos homens do mar quando chegam à terra firme.

E com o mesmo olhar que eu vejo o Atlântico, revejo o que tu deixou naquela noite trôpega e à deriva. Meu corpo pesava mais e mais. Me debatia, agitava a água sem luminosidade à minha volta. Em vão. Não havia o teu cais, que queria tanto alcançar, não havia o teu chão e o teu socorro. Havia, sim, um mar de ilusões, e um farol errante que não me encontrava.

O que ainda não consigo entender, e só sossegarei com o teu sim, é o seguinte: já não percebeu o quanto a gente se deixou levar pela ressaca desse mar chamado sentir? Já não percebeu o quanto estamos náufragos e longe da praia? Já não sabe que essas águas são tão revoltas que é tarde pra voltar? Então me abraça, suspende o peso do ar nos pulmões e vamos deixar-nos se afogar de uma vez por todas em nós dois.

2 comentários:

  1. Texto daqueles que vai fundo na alma. Cativou-me.

    Michely Oliveira
    http://paginasilusorias.wordpress.com/

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