domingo, 18 de março de 2012

O trem

It Ain't Me Babe by Bob Dylan on Grooveshark

Não me importaria em causar danos. Nunca me importei. Não creio que vou me importar. Ser algo único, viver algo único, ter algo único, era tudo o que eu queria. E te encontrei andando pela tua própria estrada, embarcando na tua própria estação. E eu tava ali, do meu lado, vivendo a minha estrada e subindo no meu trem.

Uma hora os trilhos iriam se cruzar. Haveria um momento em que a navegação se perderia. Existiria uma chance, uma única chance, de uma colisão inevitável de sentimentos, paixões, momentos, histórias, acontecimentos. A diferença era que tu esperavas por tudo sentada no seu vagão, enquanto eu, no meu caminho e na minha história e a tudo que tangia a direção desta minha própria história, roubava a direção e assumia o descontrolado controle ao teu encontro e de encontro onde tu estavas.

A cada tanto de estrada que eu movia as rodas com combustível feito de vontades, desejos, aspirações, tudo ficava maior, mais forte, mais tenso e intenso. Era pra lá que eu queria ir, bater contra tudo e contra todos, depois reconstruir a própria trilha, feita de olhares na mesma direção, na mesma velocidade, na mesma estrada a ser tanto andada, talvez com a calma da certeza misturada a forte alimentação de energia do querer-se.

Assim eu fiz. Desviei, mudei os trilhos, procurei outras direções, e fui, fumegante, intenso, apaixonado, implacável, à sua estrada. Mal sabia eu que, antes mesmo de tudo, tu já havia descido em uma outra estação qualquer, em um outro trilho de história que não a minha, em outro horizonte que não era o meu norte.

O certo que, ao menos nesse caso, tudo se mostrou e me mostrou ser impassível, impossível, irreal, a não ser o tamanho, proporção e consequência de todo e qualquer estrago. Eu era um cego maquinista querendo te encontrar. Nem que fosse com danos.

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